segunda-feira, 2 de novembro de 2009

António Sérgio

Morreu ontem, aos 59 anos. E porque merece António Sérgio uma referência neste espaço? Porque foi através de António Sérgio e dos seus “Sons da Frente” que eu e muitos da minha geração despertámos para outras vertentes musicais alternativas às que as rádios teimavam em não incluir nos seus circuitos comerciais ou como se chama agora as “playlists”. Algumas tendências vingaram e foram reconhecidas, outras não. Mas todas elas marcaram, sem dúvida uma geração que tinham grandes referências dos anos 60 e 70 e que não queriam parar ali e queriam saber o que o mundo estava a fazer naquele momento. Aqueles que ainda hoje estão atentos a tudo o que se vai fazendo por esse mundo fora. Não tenho fotos para mostrar sobre António Sérgio ou a sua importância a não ser aquelas que vagueiam aqui na minha memória e que os sais de prata ou os pixéis teimam em não conseguir reproduzir porque são tão pessoais que são impossíveis de reproduzir. Esteja onde esteja, António Sérgio ainda vai andar muito por aqui. Para muita gente menos atenta, António Sérgio foi o produtor do primeiro álbum dos Xutos e Pontapés. Está tudo dito. O que é curioso e detestável neste país é que depois de morto, qualquer cidadão é uma referência mas enquanto vivo anda-se ao sabor das modas. Em 2007, depois de dez anos no universo da Rádio Comercial onde dava voz à “Hora do Lobo”, o histórico programa de António Sérgio foi cancelado, por deixar de fazer sentido na nova grelha de programas!... Que treta de país este. Os maiores valores normalmente “ascendem” em vida. Aqui, “ascendem quando… mortos”. Basta pesquisarem na net e verão o quanto António Sérgio agora foi imprescindível e ao longo da vida foi sendo relegado para segundo plano. (retirado e acrescentado de publico.pt) Os programas que marcaram a carreira de António Sérgio Rotação (entre 1977-1980): Foi o seu primeiro programa de autor, ainda na Rádio Renascença. Foi através deste programa que ajudou a lançar nomes cimeiros da música portuguesa, incluindo os Xutos&Pontapés e outros como os Dire Straits, Police e Devo. Rolls Rock: o primeiro programa que fez na Rádio Comercial, que na altura ainda dava pelo nome de RDP – Canal 4. O conceito por detrás do programa - nas palavras de João David Nunes - era ser “uma coisa especial, edições muito específicas e muito boas”. Som da Frente (1982 -1993): Como o próprio nome indica, tinha como missão estar na linha da frente das novidades; trazer até aos ouvintes portugueses o que de novo se fazia em Portugal e no Mundo e estar na vanguarda das novas sonoridades. Lança-Chamas: programa dedicado à chamada música pesada e ao heavy metal.Loiras, Ruivas ou Morenas: programa realizado pela mulher de António Sérgio, Ana Cristina Ferrão, em que António Sérgio passava apenas música interpretada por mulheres. De Ellis Regina a Janis Joplin. Grande Delta: Entre 1993 e 1997, durante o interregno que o levou à XFM. Hora do Lobo (1997-2007): O programa esteve no ar dez anos, entre a Comercial e a Best Rock FM, e dedicava-se a dar a conhecer as franjas menos conhecidas do pop-rock. Foi cancelado porque tinha deixado (segundo a direcção assumida pelo grupo Prisa) de se enquadrar na grelha. O fim do programa originou reacções e protestos. “Serviu como uma espécie de resumo de carreira. Porque o António Sérgio sempre foi um lobo solitário, mas de olhar penetrante”, define João David Nunes. Viriato 25: O seu mais recente programa, na Radar FM, em cujos estúdios ainda antes de ontem tinha estado a gravar.

1 comentário:

  1. Ora aqui está uma triste notícia. Ouvi muitas vezes a "hora do lobo" e penso que nehum outro programa de rádio se assemelhará.

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