A vaia

José Sócrates foi vaiado ontem na Escola Artística António Arroio. Foi anunciar obras e mais obras e acabou por ver o bico de obra que tinha acabado de arranjar. Esqueceu-se, ou nenhum dos seus inúmeros assessores fez bem o seu trabalho, que numa escola de artes, à partida, os alunos estão interessados principalmente em desenvolver actividades criativas. Estão, portanto, com uma mente aberta em relação ao que os rodeia. E isso implica que tenham espírito crítico sobre as coisas. Ouvir um primeiro-ministro que constantemente usa e abusa da “propaganda”, vir anunciar um leque de obras em não sei quantas escolas do país numa escola em que as dificuldades são as ferramentas e os materiais do dia a dia que não existem ou escasseiam, custa. E digo-o com conhecimento de causa. Estar a aprender a trabalhar com equipamentos fotográficos caríssimos de grande qualidade e rigor técnico e não ter películas ou químicas (consumíveis) para praticar é frustrante e revoltante. Sobretudo para quem paga 800 € de propinas. Perante isto, só tenho de manifestar aqui, publicamente, a minha solidariedade para com os alunos da Escola António Arroio. É certo que muitas escolas estão em más condições e precisam modernizar-se. Mas esse trabalho deve ser feito como uma obrigação e não como uma excepção do tipo “vejam o quanto estou preocupado com isto”. E os custos com as obras nunca poderão ser justificação para não haver dinheiro para o essencial: os materiais e equipamentos de aprendizagem.