Lembrei-me da noite.
Da noite cúmplice e misteriosa da nossa juventude.
Da noite em que nos deitávamos num muro qualquer, no escuro,
a olhar as estrelas, a tentar perceber o que somos, o que andamos aqui a fazer...
E lembro-me de sentir o quanto podemos ser pequeninos no
meio disto tudo.
É a idade de descoberta, da introspeção, da vontade de saber
de tudo.
E por vezes fico
apreensivo quando volto a pensar nessas questões de novo.
É que muitas das nossas dúvidas da altura continuam sem
resposta, ou com soluções pouco entendíveis, pouco lógicas, pelo menos para uma
sociedade que queremos desenvolvida.
Os tabus, os medos, a acomodação às coisas, o próprio pensamento,
etc, continuam a ser estados que pouco têm evoluído.
Teimam em ficar em segundo ou terceiro plano nas prioridades de cada um.
São fatores desconhecidos.
E sabemos bem o que o desconhecido causa em nós.
Ergue barreiras, propicia o medo e desliga a inquietação.
É mais fácil assim.
Mesmo sabendo que assim tenhamos de viver em função dos
outros.
Em função do que está instituído.
O problema é que uma sociedade desenvolvida para se afirmar
como tal precisa de se questionar, de se renovar, de contrapor, de exigir.
E a sociedade somos todos nós.
Se individualmente não conseguirmos questionar, é uma utopia
consegui-lo em sociedade.
Estas fotografias foram captadas no Sardoal, a 6 de agosto
ultimo, durante uma falha de corrente elétrica que deixou parte da vila às
escuras.
(clique para ampliar)