A SIC entrava em directo de Constância no Jornal da Noite do dia 29 de Dezembro.
Registavam a azáfama dos proprietários do restaurante Trinca Fortes que já habituados a estas andanças, lá cumpriam mais um ritual misto de desespero e tristeza.
Os responsáveis regionais da protecção civil anunciavam, ao mesmo tempo, para essa noite, um agravamento substancial das condições meteorológicas com muita chuva e com as barragens espanholas e de Castelo de Bode a debitarem xx litros por segundo.
A consequência seria a repentina subida das águas para níveis significativos.
Pois. A montanha pariu um rato.
Nem choveu assim tanto nem as barragens debitaram xx litros de água.
O mesmo aconteceu em Reguengo do Alviela e na Régua.
Entretanto dois presidentes de Câmara, da Régua e de Santarém, vieram a terreiro manifestar a sua indignação pelo alerta excessivo e consequente aumento do clima de medo e pânico provocado por essas previsões.
E com alguma razão, digo eu.
Com o desenvolvimento tecnológico a fabricar inúmeras ferramentas de trabalho e com Sócrates a querer que Portugal tenha algum reconhecimento na sua aplicabilidade, como é possível que, por exemplo, em Torres Vedras tivesse acontecido tamanha violência natural sem que ninguém se tivesse apercebido ou que ninguém visse que pudesse vir a acontecer e como é possível que responsáveis máximos da protecção civil venham a público alertar, com algum grau de certeza, outra pequena desgraça sem que tal se tivesse vindo a verificar?
Estas fotografias não são o resultado de nenhuma reportagem mas sim o reflexo do meu estado de alma no dia seguinte, em tarde de férias.
Sentia uma enorme vontade de fotografar.
E fui até Constância.
Com resquícios de algum romantismo e sem qualquer preocupação de testemunhar fosse o que fosse, apenas queria olhar, sentir e carregar no botão.
Aquela tarde estava mesmo escura!