Estão abertas as candidaturas para a 9ª edição do
BesRevelação, um dos “mais importantes” prémios nacionais de fotografia.
Mas atenção: destina-se apenas a artistas com menos de 30
anos de idade.
Quer isto dizer que existe uma idade para se revelar
artisticamente.
Será que a ideia, o conceito, a irreverência, a possibilidade
e o direito de poder questionar são estados reservados apenas a menores de 30
anos?
Nada disso.
É que este prémio é patrocinado por um Banco.
E o que fazem os Bancos? Ganham dinheiro. Investem meia dúzia
de patacos, exercem a sua influência e ganham milhares.
Vejamos: um artista com 30 anos tem muito tempo para “dar”
ao Banco. Muito mais do que um que se queira “revelar” aos 60.
Não é sensato investir num recém-artista que tenha 60 anos.
Tem pouco tempo para o Banco amortizar o seu investimento. Ele, o Banco, quer
carne fresca, para alimentar algum tempo, para depois valorizar e vender a sua
coleção a troco de muito mais do que investiu. É a logica do mercado.
Neste caso, o Banco alicia com 7500 euros e uma exposição em
Serralves. A partir daí, como o sistema está montado, já se pode considerar um “artista”.
Como diz Jorge Calado (um dos homens que em Portugal mais
sabe sobre fotografia), na sua rubrica semanal “tabela periódica” no caderno “Atual”
do jornal “Expresso” do dia 19 de janeiro último, “(…) Em Portugal não há
mercado de fotografia e os preços são regidos por conspirações entre artistas,
galeristas, curadores e instituições colecionadoras. Ouve-se falar em 50 mil ou
100 mil por dá cá aquela palha. Os estrangeiros não compram e as obras ficam em
Portugal, adquiridas pelos suspeitos do costume (…)”.
Se é Jorge Calado que o diz, quem sou eu para o
desmentir!...
Entretanto eu, lá me vou ter de me contentar a divulgar o
meu trabalho em blogues e no facebook.
Um dia, quem sabe, o governo ainda vá criar um novo imposto
sobre o ato criativo a aí sim, muitos de nós iremos ser reconhecidos como… artistas!
Finalmente.
Sem comentários:
Enviar um comentário