Fantástica crónica de José Tolentino Mendonça na revista do
expresso deste fim de semana.
É sobre arte. E sobre a mãe, hoje que se comemora o seu dia.
Diz ele que o valor da arte (e por vezes o seu significado)
está dependente do dinheiro que alguém esteja disposto a pagar. Os objetos artísticos
tornaram-se mercadoria e entram num circuito como qualquer ramo do comércio.
Isto tudo porque o fotografo Tatsumi Orimoto decidiu que o
seu dever e a sua arte passariam a ser uma coisa apenas: cuidar da sua mãe, que
sofre de depressão e Alzheimer.
Surge assim o projeto Art Mama, onde reflete sobre a maternidade,
a doença, os laços familiares e sobre as formas de relação com a alteridade,
que é quando o outro está perdido nos labirintos da dor e da memória.
A relação do mercado da arte com este projeto, é que Orimoto
desenvolve uma arte profundamente critica em relação às prioridades, aos cânones
de beleza e aos modelos de felicidade contemporâneos.
Nas suas fotografias, diz Tolentino, "ele dá a ver o
mundo dos idosos, esse humaníssimo mundo onde os direitos são relativizados e
sobre o qual recaiu uma condenação de invisibilidade. A metáfora visual que os
seus rostos desprotegidos desenham recoloca-nos perante as perguntas
essenciais. E a verdade é que precisamos mais de uma arte que (nos) faça
perguntas do que uma industria para decorar paredes."
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