sábado, 26 de setembro de 2009

Ver para querer?

Com a democratização da fotografia e a proliferação de softwares de tratamento e manipulação de imagens, atravessamos um momento na fotografia em que a única preocupação é saber se determinada fotografia reflecte alguma realidade ou se é apenas… ficção. A fotografia já não está a cumprir o papel que ao longo dos seus 160 anos de existência lhe era atribuído. Esta transformação está a preocupar muitos sociólogos, historiadores e defensores do papel que a fotografia antes desempenhara. E a preocupação está a chegar à classe política. 50 deputados franceses pretendem ver aprovada uma lei que obrigue as publicações a identificar as fotografias onde pelo menos a aparência corporal foi retocada. Pretendem combater alguns estereótipos que podem estar na origem da anorexia, por exemplo. Esta medida baseia-se em estudos que indicam que os jovens não distinguem ainda a ficção da realidade. Não pretendendo limitar a criatividade de fotógrafos e dos agentes de publicidade, apenas pretende esta medida aliviar a pressão de “perfeito”. Segundo a proposta deste grupo de deputados as fotografias manipuladas e/ou retocadas terão de mencionar “fotografia retocada com o objectivo de modificar a aparência corporal de uma pessoa”. Mas esta proposta vai mais longe. Pretende também contemplar as embalagens de produtos e as campanhas publicitárias políticas. Sobre o assunto recomendo a excelente crónica “pano para mangas” que João Gobern tem na Antena 1. Ouvir, por favor a crónica do dia 24 de Setembro - “A verdade da imagem” neste link: http://ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?prog=2587 Só por pura curiosidade é capaz o visitante deste blog identificar qual ou quais fotografias abaixo corresponde ao que eu fotografei ? Será que os homens se cruzaram? Será que fui eu que "decidi" esse cruzamento? Será que eles se cruzaram e eu "menti" sobre o que vi?

2 comentários:

  1. O Paulo podia começar já a aplicar a lei nas suas imagens. É difícil saber se o homens se cruzam, ou não. ;)
    Abraço

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  2. André, não é habitual fazer este tipo de manipulação embora o saiba fazer. Prefiro a fotografia tal como foi registada, até porque começo a estar farto de computadores porque nos tiram tempo precioso para... fotografar.
    As fotos que tenho aqui colocado nenhuma tem mais do que pequenas corecções de ajuste de brilho e contraste (sim, os sensores digitais ainda não são perfeitos) o que sempre foi normal e está configurado num código de ética de fotojornalismo.
    O exemplo que dei apenas pretende mostrar que de facto o grande problema da fotografia actualmente é mesmo saber até que ponto pode ou não ser verdadeira.
    Sobre este desafio, mais tarde colocarei as fotos tal como foram captadas.
    Abraço.

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