domingo, 1 de fevereiro de 2009

Os senhores Padres e a fotografia !

O que é que tem uma coisa a ver com outra? Nada e tudo. Como não ocupo algum lugar público de relevante interesse nacional e a minha família nunca me proporcionou nenhum encontro privilegiado e importante, nunca consegui ganhar o suficiente para poder ter “algum” num offshore e assim tenho de continuar a trabalhar. E já fotografei em inúmeros locais e em muitas igrejas. E aqui já apanhei de tudo: senhores Padres que me conhecem e que nunca me puseram um obstáculo porque sabem como trabalho, senhores Padres que não querem que haja fotografias na “comunhão”, outros que não haja fotografias nas “leituras”, outras que não deixam fotografar “no altar”, outros ainda exigem que a sua figura perpetue em todas as fotos de pose com os noivos, com os padrinhos, com os convidados, etc… Não há "uma" regra, cada senhor Padre tem "a sua". Mas hoje aconteceu-me uma nova. Festa de S. Sebastião, em Sardoal, festa anual, que consiste numa procissão com fogaças e que vai da Capela com o mesmo nome, para a Igreja Matriz (que fotografo há anos numa perspectiva documental). Ainda no interior da capela, o “novo” senhor Padre (que está cá apenas há alguns dias) vendo que apontava a objectiva para ele, esticou a mão e disse “ Espera aí, não tiras fotografias porque estou a falar!” Como sou educado e acato as regras dos locais onde estou a trabalhar parei de fotografar. Quando acabou chamou-me e disse que não eu não podia fotografar enquanto ele falava. Eu disse que não havia problema, só que não compreendia em que a fotografia pudesse interferir no seu “discurso” que até era informal. Vou ter de me readaptar a mais esta nova “exigência” eclesiástica local. Mas uma coisa não posso deixar em claro: a falta de humildade ou de “educação” do senhor Padre: ao tratar-me por “tu” perante algumas dezenas de pessoas, deixou transparecer uma atitude de baixa condição porque não me conhecendo nem sequer questionando-me sobre o que eu estava ali a fazer, ou para quê estava ali a fotografar, vai daí e trata-me por “tu”. É nestas ocasiões que penso que por vezes os percursos académicos não querem dizer que uma pessoa se torne necessariamente numa “melhor” pessoa. Amanhã volto com outras imagens da Iniciativa.

11 comentários:

  1. Isso de tratar por tu, a mim não me choca particularmente. Muitas vezes também o faço, pois sinto-me assim mais próximo das pessoas. Talvez o facto de ter uma costela espanhola, onde o "tuteio" é bastante comum, me tenha influenciado e portanto prefira o tu ao "o senhor" ou "você" ou mesmo "vossemecê", para não falar no “senhor doutor, engenheiro” ;-)
    Em qualquer caso, se o Sacerdote é novo na paróquia, ainda deverá estar em adaptação (o que por vezes origina algum acto menos conseguido) pelo que tens de o ajudar na sua integração.
    Quanto ao teu respeito pelas instituições e costumes de cada lugar ou instituição, não tenho dúvida que sempre cumprirás.

    Abraço,

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  2. Desculpa Paulo, mas "o Senhor Padre" tem razão :
    Há culturas/religiões que acreditam que a fotografia lhes “rouba a alma”; este acredita que a fotografia “lhe rouba a voz”...

    Grande abraço e força para o teu novo projecto !

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  3. Caro Sr. Paulo Sousa,

    Cheguei ao seu «blog» através do «Primeira Linha» de 2009.02.05.
    «Como sou educado e acato as regras dos locais onde estou a trabalhar parei de fotografar.»
    Como é educado falou com o Sr. Padre antes, pediu-lhe autorização para o fotografar e combinaram as regras antes, verdade?
    Se assim procedeu este «post» faz algum sentido, se não, não.
    Uma igreja, uma capela é um espaço privado dos crentes.
    O padre é o pastor e é natural que trate os elementos do seu rebanho por «tu», isso revela familiariade, partilha e espírito de comunidade.
    Este «post» lembrou-me uma letra de Zeca Afonso «(...) agora é modelo à força que o diga António Capela».
    Sei que não é seu caso, pois há muito que acompanho o seu trabalho fotográfico em concursos que participa pela região, contudo o advento do digital e a banalização da fotografia tende a transformar-nos todos em Capelas e todos em Teresas Torga (a tal modelo à força) e isso está errado.
    O maior bem que temos é o direito à privacidade.

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  4. Boa Paulo Sousa. Grande iniciativa este blog. Já estava na hora de haver um espaço só com fotografias tuas. Fico contente por ver estas fotos, assim como todas as outras que costumo acompanhar no 1000 imagens.
    Cumprimentos.
    Ass: Daniel Grácio

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  5. Pois é Srº Paulo Sousa, quando o comum dos mortais anda irritado, costuma-se dizer que"é por falta de sexo"...!
    Pensem o que quiserem mas eu cá sou muito directo e objecto.Felicidades pro seu trabalho que é excelente.

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  6. e pensava eu que os padres eram todos selectos de cultura de sabedoría e
    bom relecionamento humano. Pois é. Afinal estou redondamente enganado e aqueles padres antigos com uma visão um pouco mais rígida da realidade afinal até estão bastante mais actuais do que os novos.
    Pensam eles que assim combatem o abandono da religião que tanto pregam. É precisamente o contrário, não é com visões, com quatro cantos da relidade que se combate seja o que for.
    O senhor padre esquece-se que as festividades religiosas aqui da terra têm
    e sempre tiveram colaboração muito grande da Câmara, das associações e principalmente pelos moradores. È este conjunto que faz a diferença de as acções correrem bem ou não. E não pensou sequer que as fotos do paulo sousa levam as acções aos quatro cantos do mundo porque, se apenas contarmos com a difusão dos eventos pela igreja veremos que quase não existe e a que existe é num mundo muito próprio e pequeno que quase não é visivel.
    Acerca do comentário acima do senhor pedro oliveira, que fala muito em autorizaçõs gostava de salientar que a igreja em portugal como instituição que é, igual a muitas mais ou até empresas, usa o espaço público como bem lhe aprouver sem se calhar ter ou pedir autorização para o efeito. Quem não é católico ou não tenha nenhuma religião não é obrigado a levar com essas manifestações onde o espaço público fica condicionado e trás na maioria das vezes incómodos a muita gente. Aqui apela-se ao bom senso e bom senso foi coisa que o senhor padre não revelou ao ter esta atitude para com uma pessoa aqui da terra que ao longo dos anos já fez mais pela igreja que muitos que se dizem católicos o fizeram.

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  7. É isso que o Pedro diz e eu tenho prova disso!Fez-me lembrar aquela senhora cá do Sardoal que diáriamente atravessa a praça para ir à missa, vai a todas as procissões e funerais e que hà alguns anos atrás aquando do pedido de lembranças para a quermesse de uma associação, deu uma estatueta da Nª Srªde Fátima sem cabeça.Eu nem queria acreditar quando me levaram até à sua porta.Eu que não sou religiosa mas respeito todos, senti aquele acto repugnante e uma ofensa.E essa senhora lá está sempre perto do Srº padre, seja ele qual for e nunca deve ter tirado uma fotografia na vida.

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  8. Com ou Sem fotografia, è caso para perguntar, qual a atitude mais digna???
    ....Deus Faça o seu julgamento...

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  9. Só hoje dia 27 de março 2009, tive oportunidade de visitar este blog. E reconheci o Sr Padre de quem se fala. Sardoal ficará na minha memória como terra de paganismo, hipocrisia e negócio primário. Quem privou durante cerca de 10 anos com este Sr padre e sentiu a profundidade da sua vida, só poderá concluir, como são injustas as gentes do Sardoal. Quero acreditar que o Pedro não é referência para ninguém, mas... deixe-me aconselhá-lo, atreva-se a conhecer a pessoa de quem fala! As suas angústias serão desvanecidas e o seu Mundo será bem melhor...
    Sou um cristão convertido por esse Sr Padre e vivo em Castelo Branco... E sei do que falo!

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  10. Caro Carlos,

    Esclareça lá a que Pedro se refere...
    O primeiro Pedro que comenta sou eu, assino e dou a cara.
    Não me parece que tenha efectuado nenhuma ofensa ao Sr. Padre.

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  11. Senhor Carlos,
    Pois... na dupla Bonnie and Clyde, a bonnie tambem diria o mesmo de Clyde. Eles privaram durante muito tempo nas suas façanhas, para Bonnie o Clyde era um bom rapaz. O resto do povo é que já não diria o mesmo. Digo eu, num caso exagerado que felizmente não é o que se retrata aqui

    Estou como o senhor Pedro Oliveira. Esclareça a que Pedro se refere.
    Mas posso dizer-lhe desde já que tomar as "gentes" do Sardoal pela mesma tabela não é boa ideia. Tambem não basta conhecer uma pessoa para saber se o trabalho dela é positivo ou não. Venha cá e informe-se neste povo hipócrita, pagão e fazedor de negócio primário. Direi mesmo mais, vendedor de garrafinhas de água benta vinda de rede pública.
    Assim não é de admirar que cada vez haja menos crentes. Qualquer jogo violento de computador
    supera esse estado.
    Quanto a " Quero acreditar que o Pedro não é referência para ninguém, mas...", seja eu ou ao senhor Pedro Oliveira que se refere, devo dizer-lhe que a igreja manda tratar todos por igual, se calhar nos 10 anos que privou com o senhor padre não chegou a esse capítulo.
    A retórica do senhor Carlos não me é totalmente estranha. ecoa-me bem de perto.

    Chamo-me Pedro Nascimento de Sousa e estou devidamente identificado no meu primeiro comentário.

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