Por cá, Cármen de Almeida, do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Évora deu-nos umas pinceladas dos novos paradigmas da identidade fotográfica e criticou levemente as autarquias pelo trabalho incompleto que ainda vão fazendo nesta área.
Fazem-se levantamentos, digitalizam-se as provas ou negativos, publicam-se livros e postais e o processo pára sempre aí. Não há continuidade.
Referia ela que os originais passam sempre para segundo plano e alertou de que há por aí autênticas preciosidades a serem destruídas diariamente.
Interessante a pequena viagem que assistimos pela história da fotografia, com linguagem muito clara e acessível.
Uma das frases que registei foi a de que os negativos depois de terem o valor de uso, passam a ter o valor museológico.
Helena Araújo, responsável pelo Museu Vicentes, no Funchal, com o seu ar divertido, cativou inteligentemente a plateia com a história dos estúdios fotográficos do Funchal e com as peripécias que lhe permitiram ir, pouco a pouco, “açambarcando”todo o espólio com que conseguia ir engordando o seu propósito. Retive a afirmação feita com sabedoria de que “os fotógrafos amadores têm uma visão apurada e poética que os profissionais não têm”.
Helena Araújo, responsável pelo Museu Vicentes, do Funchal
Por fim, Grant B. Romer do Museu Internacional da Fotografia – CASA GEORGE EASTMAN, deliciou-me com o seu pensamento e a sua questão principal do que pode ser um museu da fotografia.
Fotografia é sobre as pessoas. Mistura ciência/tecnologia, história, arte, cultura popular e pode ser local, nacional e internacional. Está tudo interligado. Como a bala está para a pistola, a fotografia está para a pessoa (fotógrafo/fotografado).
Mas como a tecnologia também está cá metida, o museu da fotografia tem de pensar também no cinema ou no vídeo que também são… imagem. Então e a televisão? Onde se põe?
Tudo isto levou a que em Inglaterra, por exemplo um museu tivesse actualmente como designação “National Media Museum Bradford”.
Interessante também a exploração do tema que o levou a pegar na natureza (que nos dá belas fotografias, ela própria), no tempo, na permanência, na ilusão e na matéria-prima para qualquer imagem, a luz. Sugeriu que uma casa deste tipo (museu) pudesse ser denominada de “Museum of the light”, A CASA DA LUZ. É a luz que liga isto tudo.
E deixou um recado. Tudo está a mudar permanentemente. A forma como fazemos as coisas, as designações que lhe damos e até o próprio nome e o valor que lhe vamos atribuindo.
É que a fotografia também é formação. Estamos sempre a aprender.
Uma palavra final de apreço pela organização disto tudo para a Comissão Cientifica que é composta por António Ventura, José Soudo e Luís Pavão.
Para terminar deixo a excelente noticia dos esforços que estão a ser desenvolvidos (e morosos) para elaborar a candidatura para que Casa Carlos Relvas possa ser reconhecida como Património Mundial.
Para visitas ver em http://www.casarelvas.com/
Ver noticia em http://www.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=54&id=34139&idSeccao=479&Action=noticia ou ler edição impressa do passado dia 8 de Outubro.
Caso ainda pretenda ter conhecimento do programa completo desta iniciativa dê um salto a http://portal.estt.ipt.pt/default.asp?script=evento&eventoID=104
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