quinta-feira, 26 de março de 2009

Deficiente é o nosso País…

É extraordinário que tenhamos a mais avançada Assembleia da República do mundo, em termos tecnológicos, claro. Mas para que serve aquilo tudo se na essência, continuamos na cauda da Europa (e do mundo) em tudo o que é “indicador de desenvolvimento”? A imagem claro, aquilo que Sócrates privilegia. A imagem que passamos para os outros. A imagem que nos coloca, teoricamente, ao nível dos melhores. Sempre a maldita da imagem. Até a iluminação foi pensada para as televisões… E o resto? E as ideias e as politicas, será que interessam? Claro que não. É a imagem que conta. Apenas a imagem. É como as argolas ou as asas das marcas dos automóveis (que muitos possuidores nem sequer sabem o que significam) e que indicam que temos… posses! E posses é igual a qualidade de vida, emprego estável e bem remunerado… etc. Mas será? Será mesmo que temos essas posses? Claro que temos, nem que para pagar as argolas ou as asas vá todo o ordenado chorudo de um elemento do agregado familiar… É que pagar a imagem… custa! Por falar em imagem e parlamento achei interessante a inclusão da plataforma para permitir o acesso a deficientes… ao local da palavra. Coisa inédita claro, para a imagem. Não tenho registo que alguma vez algum deficiente tenha estado naquele lugar, a Assembleia. Para já a imagem de um deficiente não se coaduna com o aumento de votos… Depois porque um deputado que por acaso do destino fique na condição de deficiente, abandonará certamente, o plenário. Para já dá má imagem e claro que esse representante do povo logo arranjará uma reforma que lhe possa permitir não ser obrigado a ir, todos os dias, para a Assembleia. Será uma chatice. O estacionamento, a deslocação, a imagem, as condições de trabalho, etc. A real deficiência do nosso país está de facto, no governo e no parlamento. Mas não serão precisas plataformas mecânicas. Serão precisas sim plataformas inteligentes. Entretanto, aqui, no Sardoal por exemplo, o meu amigo João e tantos outros “Joões” por esse país fora, não conseguem andar 100 metros, fora do automóvel, para ir a serviço público ou a um bar porque “este país não está praparado e pensado para deficientes…” (Obrigado ao meu amigo João Agudo por “posar” para estas fotos)

4 comentários:

  1. Os mais sinceros parabéns Paulo por este excelente post...
    Cumprimentos...

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  2. Muito bom post. Eu só gostava de acrescentar que "nós" também temos cota parte de culpa.
    Abraços.

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  3. tema infelizmente sempre actual... porém quem sabe se será o "modelo" 1º deputado (sem sono) no emiciclo...
    1abraço

    ass. o exilinado

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  4. "Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada."
    Edmund Burke, filósofo e político anglo-irlandês
    viva o slb e continua... de mente aberta e sem complexos, com esse olhar, pelo que nos rodeia!
    joao

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